Os tempos são outros

não se enganem, atentos.

Mudaram as vestes, os nomes,

não são mais os mesmos.


Seguem, no entanto, querendo

nossa carne e nossos sonhos.

Se alimentam de nosso medo,

querem nosso sangue, sedentos


Os tempos são outros, é certo,

mas parecem que são os mesmos.

Suas botas, suas marchas, suas togas,

até seus tropeços e contratempos.


Será que nós seremos os mesmos?

Uma espécie de destino, sina, sorte?

Seremos sempre a caça, a presa,

nosso fado é sempre a morte?


Não, são outros os tempos.

Talvez algo aprendemos.

À noite não apenas sonhamos,

pelos dias não apenas passamos.


Sabemos olhar através dos disfarces,

sob as máscaras os reconhecemos.

Não nos enganaremos.

Agora...talvez seja nosso tempo!

 Poema por: Mauro Iasi



O poema "Outros Tempos II" de Mauro Iasi, foi utilizado em uma apresentação que fiz sobre a Perspectiva Modernizadora, primeira vertente do Movimento de Reconceituação do Serviço Social. Quando li o poema, pensei em como se sentiam os Assistentes Sociais naquele período: sedentos por mudanças em tempos que o novo era proibido. Perseguidos pela ditadura e mesmo assim se esforçando para mudar os rumos da profissão de acordo com o que acreditavam. A Perspectiva Modernizadora não rompeu com o conservadorismo, mas sem esse primeiro passo dos bravos Assistentes Sociais daquela época, não teríamos evoluído e atingido novos horizontes na profissão. Mesmo com tanta adversidade eles decidiram que era tempo de mudar.

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